quinta-feira, 23 de abril de 2009

(Des)comunicações...


São vários os envelopes psicológicos e contextuais que nos auxiliam a mapear as questões das lógicas do desencontro, da descomunicação e da alguma sem querer desligação com o outro, desligação esta potenciadora de uma certa desarmonia de contacto que leva não poucas vezes ao bloqueio do saber estar bem.

Desafiado a participar no processo de socialização, o Homem é confrontado com vicissitudes que limitam o seu saber estar bem nas (longas) horas da vida. Qualquer tipo de socialização implica, não poucas vezes, transacções afectivo-emocionais que podem constituir vínculos inquestionáveis e que, por existirem por si, predispõem o sujeito a eventuais falências de processos relacionais/comunicacionais nestes vínculos criados e que se arrastam para socializações mais secundárias.

Urgirá pois uma focalização estratégica nestes aspectos capaz de felicitar a interacção, harmonizando-a e facilitando a compreenção destes fenómenos e a reunião de estratégias para lidar com os tais momentos mais embaraçosos.

Vamos começar!

Dando voz à timidez e à ansiedade em situações sociais


" Detesto ir a sítios onde sei que vou ter que falar com outras pessoas. Só consigo pensar que vou acabar por dizer ou fazer alguma coisa estúpida, e que as pessoas vão achar que sou esquisito. Geralmente começo a tremer e a transpirar, fico vermelho, a minha garganta seca e, quando tento falar, só me saem uns guinchos agudos e descontrolados...É horrível! Por causa disto, acabo por me fechar em casa e, quando tenho mesmo que «socializar», colo-me à pessoa que conheço melhor e sigo-a para todo o lado..."

GAPsi - Gabinete de Apoio Psicopedagógico, FCUL (2005)

Todas as pessoas em algumas situações se sentem ansiosas e tímidas, ou porque têm que que fazer alguma apresentação pública, ou porque estão num determinado grupo que inicia espontaneamente algum debate onde a pessoa em questão é solicitada a participar, ou porque tem que fazer determinado telefonema a alguém que não conhecem, e.t.c.

A questão basilar da ansiedade social e a timidez tem que ver com a sua massividade e intensidade em várias situações sociais levando a evitamentos constantes dessas mesmas situações e acabando por levar a desgastes sofridos.

O ponto máximo destas configurações acabam por ser o evitamento de quase todas as situações de interacção social e a um "fechar para dentro".

Alguns exemplos fornecidos pelo Gabinete de apoio psicopedagógico da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, são:

• Falar com estranhos / conhecer pessoas.
• Estar em sítios com muitas pessoas (cantinas, centros comerciais, bares, festas, repartições...).
• Ser o centro das atenções (falar em público, ou ser alvo de uma piada).
• Ser observado enquanto se faz qualquer coisa (escrever, falar ao telefone).
• Comer ou beber em público.
• Usar uma casa-de-banho pública.